Içara Nossa Terra Nossa Gente com Elza de Mello – Matizes Açoriano
Içara (SC)
Parece que dei um tempo para minhas crônicas, ou será que peguei longas férias? O fato é que dei uma pausa iniciando com uma cirurgia na mão. Precisei ficar vários meses com minha mão enfaixada e fazendo fisioterapia. Só tinha dores. Pedi minha aposentadoria e pensei em viver um tempo diferente. Viajar, fazer trabalhos voluntários, esquecer meus 47 anos de atividades profissionais que davam o norteamento de meus dias.
Parar com uma rotina, nessa minha idade, é difícil. Fica um vazio muito grande e pode resultar uma depressão, pensei. Então me preparei para mudar minha rotina de vida e, sobretudo, preencher mais meu tempo com escrita. Assim, eu estava reconstruindo minha rotina quando veio a pandemia que parece ter revirado todo o meu projeto. Acabei tendo uma rotina totalmente inesperada e fiquei um tempo longe de minha coluna no Jornal Içarense, um dos amores de minha vida literária. Mas as saudades me fizeram voltar e colocar novamente minha coluna em sintonia com meus leitores que constantemente me procuram.
E porque hoje amanheci com saudades de andar pelo centro de minha cidade, cruzar as ruas que sempre me levavam a algum destino: à escola, ao mercado, às lojas, à biblioteca, a igreja, ou a casa de alguma de minhas colegas, resolvi que era hora de escrever para o público, com a devida permissão do Vilmar Nietto , o Maso.
Há sempre algo para fazer, para dizer, para adquirir, para compartilhar. A vida sempre foi muito versátil em qualquer de nossas idades. Como não ter saudades? E hoje as lembranças me fizeram lembrar a infância, em nossas escolas. Tínhamos muito carinho pelas professoras e por nossos colegas. Seguíamos os estudos que nos era repassado com muita atenção e vontade de aprender. Passávamos dias nos preparando para uma prova e sempre pretendíamos uma nota muito boa que era para compensar nossa dedicação.
E como é nossa experiência que nos transforma em profissionais, sempre procurei levar meus alunos pelo mesmo caminho: dedicação aos estudos, compromisso com os trabalhos e valorização pelo seu esforço através de boas notas. E embora ouvindo vários discursos de que não importa a nota, importa o que o estudante aprendeu, nunca dei ouvidos. Se ele aprendeu realmente ele poderá se sair muito bem em uma prova e apresentar boas notas. Afinal quando vamos a uma entrevista de trabalho, somos avaliados na íntegra. Camuflar a aprendizagem e passar a mão na cabeça de filhos e alunos é podar, lá na frente, o seu rendimento e o seu acesso a um futuro promissor. Pais e professores precisam educar com responsabilidade.
E nesse tempo de pandemia o ensino é oferecido, segundo a boa vontade de educadores, em sua escola de pobres recursos, à distancia para alunos que, geralmente vivem em suas casas com menos recursos ainda. É o tal ensino à distância. E como os pais estão trabalhando, nessa hora das aulas à distância, costumo acompanhar meus netos em seus afazeres.
Nascidos em uma época de desenvolvimento de comunicação eletrônica, eles não tem dificuldades para acessar ao link fornecido pela Escola. A dificuldade vem em acompanhar as explicações dos professores que, na maioria das vezes é muito boa. Há professores que preparam suas aulas com carinho e se relacionam a distância com muita competência. Pena que poucos tenham acesso. A maioria não tem rede e não podem acessar a net de suas casas. Outros ainda não dispõe de net e um micro computador ou mesmo um celular que possa lhe fornecer acesso.
Então, embora todo o empenho do professor e da escola, em geral, há muito pouco aproveitamento. E aí fica a pergunta - Como será o retorno às atividades normais nas escolas? Como fica o ano letivo desses alunos? Deixo a resposta com você leitor....